terça-feira, 16 de novembro de 2010

AMIGOS


"Os amigos são próprios de fases: da rua, do Ensino Fundamental, do Ensino Médio, da faculdade, do futebol, da poesia, do emprego, da dança, dos cursos de inglês, da capoeira, da academia, do blog. Significativos em cada etapa de formação. Não estão em nossa frente diariamente, mas estão em nossa personalidade, determinando, de modo imperceptível, as nossas atitudes.
Quantas juras foram feitas em bares a amigos, bêbados e trôpegos? Amigo é o que fica depois da ressaca. É glicose no sangue. A serenidade".

Fabrício Carpinejar

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O PODER DE SE REINVENTAR


Dia desses escrevia sobre resiliência, sobre esse poder de nos reinventarmos, voltarmos a nosso estado de equilíbrio, estado normal, se reerguer depois de alguma catástrofe, impacto, sofrimento, algo que nos tire do prumo.

Nas semanas que se passaram fui testemunha de uma atitude de resiliência. Minha afilhada de casamento em meio as flores da decoração da igreja, cardápios, tafetas do vestido de noiva, chá de casa nova, escolha de cardápio, lista de convidados e tudo mais que uma noiva tem direito de lindo nesta data...Veio a noite. Um pesadelo invadiu seu sonho: Seu irmão sofreu um grave acidente de trabalho e quando antecedia exatamente uma semana para as luzes da catedral iluminarem seu sorriso, seu sorriso se apagou. Seu irmão foi para UTI, um acidente de trabalho que não foi tratado como tal e sua missão na terra foi redobrada manter o sonho e transformar a escuridão em luz.

Dia 06 de novembro de 2010 às 19h 30min, as luzes da catedral se ascenderam ela entrou na igreja e ele ja se encontrava fora de perigo. No altar ao lado dos padrinhos um espaço vazio...Ele faltou mas esta vivo para lutar pela sua recuperação e seus direitos. Pouco ela sorria, mas ela olhava longe e distante acho que fixo a nossa sra. respirava fundo e continha as lágrimas, era a semana de luta pelo irmão que se encerrava era a vida nova que iniciava e ela estava forte ali. Resiliente minha afilhada. Desejo a vocês amor eterno e que a justiça divina e dos homens seja feita.

Kátia Emmel

"Amo casamento com todo peso da árvore feminina da família. Torna qualquer detalhe revelador, chance de traficar ternura na necessidade de comprar gás ou arrumar o portão da garagem. Perguntar que horas ela volta é uma preocupação comovente, de quem deseja ficar mais tempo junto. O que são os problemas perto da alegria de poder contá-los para sua mulher? O amor é simples, tão simples que fingimos sabedoria ao dificultá-lo. Mas os céticos estão em vantagem. Eu é que sou o conservador. Defender uma relação fechada é hoje impronunciável, uma burrice. Acabo calado por vaias e ‘deixa disso’. Pareço um moralista, uma carmelita, um torcedor do América de MG. Não aguento o pessimismo pré-datado. A gente entrega a indisposição nos medos mais óbvio". Fabricio Carpinejar

terça-feira, 9 de novembro de 2010

PARA QUE TANTOS RELÓGIOS SE O TEMPO NOS ESCAPA?


..."Percorro agora a linha do tempo da minha trajetória errática cercada por relógios. A começar pelo do computador onde escrevo. Tudo ao meu redor marca a passagem do tempo, do celular ao forno de micro-ondas. As horas estão por toda parte, mesmo que eu não as queira. O tempo e as máquinas do tempo converteram-se em mercadoria ordinária.

Nem lembro em que momento perdi meu primeiro relógio, o da vida inteira, nem sei quantos outros tive até decidir que não precisava carregar nenhum no pulso porque o tempo havia se banalizado ao meu redor. Desconfio que esta perda da solenidade dos relógios tenha relação com a perda da consciência do tempo na vida de todos nós. Tantas marcações por todos os lados e o tempo se esvai como se fosse barato como um relógio de camelô. Vendemos o tecido de nossas vidas por muito pouco porque confundimos tudo.

Meu avô sabia que tempo não era dinheiro. Nunca se iludiu a esse respeito. Ele, que acompanhava o ciclo da vida das plantas e dos bichos, que dependia da terra, das chuvas e das estações, sabia que o tempo é tudo o que há entre a vida e a morte. É a riqueza imaterial da vida de um homem, de uma mulher. Não tinha estudo para conhecer as moiras da mitologia, mas pressentia que a elas pertenciam os fios do seu destino.

É muito mais verdadeira do que alcançamos a frase que todos repetimos pelos nossos dias: “Não tenho tempo”. Mas não é corriqueira e muito menos é natural. É, na verdade, uma tragédia sem herói. Desconfie sempre do que parece um dado da natureza, algo da ordem imutável do mundo, do qual você não tem como escapar. Isto sim é ilusão criada e reproduzida. Só não conseguimos escapar da morte, mas podemos morrer em vida se entregamos nosso tempo. Talvez não exista nada mais importante do que pensar sobre o que você quer fazer com o tempo que é seu. Porque se não tem tempo para o que é importante para você, para as pessoas importantes para você, por alguma razão, em algum momento, você decidiu se desapossar de você. É preciso empreender este caminho sempre árduo de resistência e voltar a encarnar o próprio corpo.

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