domingo, 28 de fevereiro de 2010
EU SEMPRE ACREDITEI QUE ENCONTRARIA UM AMOR ASSIM COMO NA POESIA
Você engole borboletas
eu tenho o sol na barriga.
Você sempre anda de óculos
eu leio coisas antigas.
Você vara a noite
eu desenho cataventos.
Você gosta de ficção
eu tenho outros inventos.
Você anda desligado
e eu busco perspectivas.
Você me conta seus sonhos
e me ri e me cativa.
Eu tenho medo da noite
você ama a solidãoo meu amor se reflete
nas pupilas dos olhos de um cão.
Você teoriza a matéria
e eu adoro hidrantes.
Você quer a liberdade
e eu só vivo o instante.
A gente faz uma viagem
e vê estrelas cadentes
e eu sonho um mar onde nado
e me afundo contra a corrente.
Você geme e se revolta
e eu penso no seu beijo
e enquanto você conversa
me dói no corpo o desejo
me arde no corpo o desejo
eu me espreguiço me espicho
e me chego e te provoco
meio anjo meio bicho.
Você me conta um segredo
eu te mostro um encanto
enquanto você toca flauta
desafinada eu canto.
Você absorve a paisagem
eu procuro a maravilha.
Você deixa alguns vestígios
e eu vou seguindo a trilha.
Você fala em liberdade
e eu me prendo no teu traço
você é abstrato divaga
eu te olho e te embaraço.
Ando na rua devagar
você corre na avenida
você tem melancolia
eu tenho medo da vida.
Você fala ao telefone
cercado dos seus amigos
eu passo os dias muito só
e só entendo depois que digo.
De repente vem o encontro
sem que a gente entenda o nexo
eu te vejo e me compreendo
e me vejo em teu reflexo.
Eu te transmito fluidos
de uma forte ligação
e recebo uma corrente
quando pego na tua mão.
Você tem um magnetismo
eu sou dotado à magia
nossas auras se atraem
por uma questão de energia.
Você cospe margaridas
tem o mundo nas entranhas
eu fico horas olhando
o orvalho na teia de aranha.
E a gente se precisa
como a um aditivo
numa coisa estranha a nós
sem razão e sem motivo.
São coisas transcendentais
é inútil que eu lhe diga.
Você engole borboletas
eu tenho o sol na barriga
Bruna Lombardi
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