quinta-feira, 15 de abril de 2010

CICLOS, CÍRCULOS A VIDA!




Qto tempo longe do blog. Mas acreditem a vida me reservou algo precioso e eu fui lá viver este pedaço divino. Passei exatamente 25 dias na sala de espera da UTI neo natal da Instituto de cardiologia. Aí vocês devem com todo direito do mundo, se perguntar o que há de divino nisso? Pois é fui escolhida para esta missão e a encarei como uma lição de vida. No dia 10 de março as 6horas da manhã chegou aqui em Porto Alegre a Milena ( Filha da minha amiga Martinha de Santo Ângelo)com 2 dias de vida... a Martinha viria a seguir tinha ainda pela frente a alta hospitalar, pontos, recuperação de uma cesária, colocar o pé na rua e não levar com ela seu bebe nos braços. O bebe que ela planejou e esperou 9 meses...estava agora a 600 km dela.
Eu, pisei na calçada no instituto de cardiologia sem saber o que iria enfrentar, sabia só que a Milena tinha vindo de urgência e alguém tinha que estar lá para esperá-la junto com o pai Marcelo.
Encontrei um pai forte, cansado, desnorteado, seguro, apavorado e um bebe com 4 kg, pele rosada so de fraldas e muitos eletrodos, fios e monitores. O técnico de enfermagem vendo meu pavor (que eu nem imaginei que transparecia) solicitou que eu a tocasse e desse carinho. Que dia infinito...a cada toque um pulo da Milena eu não sabia que frases pronunciar (sem falar que a cada palavra ela dava outro pulo)...No segundo dia acordei com saudades já, pois no final daquela tarde já nos comunicávamos como conhecidas, minha voz foi ficando conhecida para ela descobri que ela gostava de carinho nas costas e cabelos...Eu não ousava olhar para os lados eu tinha absoluta certeza que TODAS as outras mães ali dentro me observavam e pensava: “Pobre criança”, eu não sabia uma canção de ninar e esqueci a história dos 3 porquinhos assim de repente, num estalo de dedos.

Sabiam que a UTI tem 14 leitos para os bebezinhos? Eles chegam e saem. Tem de todos os tamanhos e vão para luz...ou do sol ou a eterna..São os Ciclos!

Os dias foram passando eu conhecendo um outro mundo além deste aqui meu e do Márcio de saúde, afeto, churrasco aos domingos, sábados e sextas, muitos amigos, viagens, família reunida nas datas especiais, tudo dando certinho.
Tudo pode dar errado também.
Lá o valor de um abraço tem um significado especial demais...sempre apertado, cúmplice e ele é de conforto ou de comemoração.
Conheci tantas mãezinhas...
A mãe Jurema, espetacular 8 filhos e uma excelente administradora ( a revista exame, época e a Você SA deveriam fazer uma matéria sobre ela) do lar, do coração, dos filhos, da vida! Gente, quem não conheceu a Jurema saiu perdendo. Ela faz camas gigantes em casa qdo não pousa no hospital com sua pequena e lá na sua casa reúne todos os filhos para assistirem filme até tarde da noite e cada um desde a menininha de 5 anos tem suas atribuições (juntar os brinquedos heeh). Ela me fez chorar e rir muito esta é a Jurema.
Um dia surgiu a Fernanda, forte, realista e muito solidária...a cada mãe nova que entrava para nossa “família sala de espera da vida” ela já ia investigando e vendo do que precisavam e providenciava. Seu abraço era verdadeiro, forte e cheio de certeza de que Deus age sim pelo melhor. Sinto por ela um laço mais que um abraço como algo que une.
A Fran, era quieta, olhos azuis brilhantes que lacrimejavam vez que outra, nós nos responsabilizamos em puxar assunto e sugerir que ela substituísse as roupas pretas por roupas mais coloridas (as quais por sinal as deixavam muito bonita) Ela que bordou o palhacinho que esta no meu blog todo colorido.. num momento de esperança. Entre estas outras tantas que não me sinto no direito de citar aqui pela falta de intimidade que são exemplo de Guerreiras com seus “Joãos” lá a 4,6, 7 meses a espera de uma melhora, de uma alta, da luz!

Agora já se passaram 37 dias. A Milena fez um mês aqui em casa entre,muita saúde (sim como diz seu pediatra nota 1000) afagos, leite, fraldas (muitas fraldas) banho de chuveiro (ela adora acreditem) adotou um canto de nosso sofá como seu lugar preferido, aprendi massagens para cólica, acordava 3 vezes na madrugada se necessário eu ouvia o resmungo dela e corria lá...(eram os “espinhos” da cama heheh) só dar um colinho, mama
e trocar a fralda. A Martinha faria tudo sozinha mas era meu jeito de antecipar a saudade que viria depois e ela chegou! Ontem a Milena foi para casa. E nós temos uma música só nossa:

...”Mas não vou chorar
Se você quiser partir
Às vezes a distância ajuda
E essa tempestade
Um dia vai acabar…
Só quero te lembrar
De quando a gente
Andava nas estrelas
Nas horas lindas
Que passamos juntos…
A gente só queria amar e amar
E hoje eu tenho certeza
A nossa história não
Termina agora...”

Kátia Emmel

2 comentários:

  1. Amiga....que relato lindo!!!! Só poderia partir de ti com essa generosidade imensa!! Bjs

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  2. Kah querida
    Acredita q só agora li esse texto.Como disse tua amiga Patricia, é 1 relato muito lindo, profundo e verdadeiro.E é por isso q eu sou tua fã, te admiro demais, pois vc se entrega em tudo o q faz, se doa, pensa no próximo, em como acrescentar vida à vida dos outros.Ah se existissem mais Kátias Emmel por aí...que privilégio.Mas eu já tenho amiga, mais virtual (por causa da correria), do que pessoalmente...mas já vale muito a pena.
    UM super bjo no teu coração,amor e saúde sempre.
    Beta.

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